sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O comércio exterior brasileiro no primeiro semestre de 2009

No primeiro semestre de 2009, a balança comercial brasileira foi superavitária em US$ 14 bilhões, resultado 4,2% superior ao registrado no mesmo período de 2008 (US$ 11 bilhões). A evolução favorável da balança comercial, a despeito do contexto internacional adverso, decorreu da maior retração das importações relativamente às exportações. Enquanto as compras externas recuaram 40,4% (de US$ 79 bilhões para US$ 56 bilhões), as vendas para o exterior somaram US$ 70 bilhões, uma queda de 34% frente aos US$ 91 bilhões registrados no primeiro semestre de 2008. Ou seja, a tendência observada nos primeiros cinco meses após o aprofundamento da crise (outubro de 2008 a fevereiro de 2009) – de maior retração das exportações do que das importações – não se sustentou. Isto porque, por um lado, os mecanismos de transmissão da crise surtiram impacto sobre as exportações e importações em timings diferentes. E, por outro lado, alguns desses mecanismos se alteraram na passagem de 2008 para 2009. Enquanto naqueles meses a contração da demanda internacional atingiu, de forma mais rápida, os mercados de commodities (que predominam na pauta exportadora brasileira), seja devido à deflação dos preços, seja pelo fato desses bens serem insumos da produção industrial, utilizados nos estágios iniciais das cadeias produtivas – no primeiro semestre, a recuperação desses preços e da demanda chinesa atenuaram a queda das vendas externas. Simultaneamente, no caso das importações, com maior participação de bens industrializados, os efeitos contracionistas da depreciação cambial e da contração da atividade econômica doméstica se intensificaram a partir de fevereiro em função do aprofundamento da recessão interna, bem como do fim do período de vigência dos contratos realizados antes do aprofundamento da crise (que tem maior prazo de duração nos mercados de maior conteúdo tecnológico). Assim, o perfil tecnológico do comércio exterior brasileiro contribuiu para atenuar o impacto negativo da crise no primeiro semestre de 2009. Por um lado, a maior participação das commodities possibilitou que a estratégia de acúmulo de estoques pela China tivesse impactos positivos sobre as quantidades e os preços de importantes itens da nossa pauta exportadora, como soja e minério-de-ferro. Esta estratégia, num contexto de queda da demanda nos demais parceiros comerciais do país, resultou, por sua vez, no aumento de cerca de 10 pontos percentuais dessa participação no total das exportações brasileiras (de 43,5% para 53,4%) e em mudanças nas posições no ranking dos principais parceiros comerciais: a China (que era a terceira principal parceira no primeiro semestre de 2008), assumiu a primeira posição, seguida pelos Estados Unidos e pela Argentina.

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